No último dia 21, Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, o programa de qualidade de vida no trabalho do MPF catarinense, Bem Viver, trouxe a Florianópolis o colega da PRM de Blumenau Michel Kleinschmidt.

Com a palestra "Um novo olhar dentro de casa - uma reflexão sobre a inclusão no MPF a partir da vivência de um servidor com deficiência", Michel tratou do tema e falou de suas experiências. Ao iniciar a fala, Michel pediu à plateia, como ponto de partida da conversa, para que visse quem tem alguma deficiência como pessoa. “Antes de quaisquer características que possamos aparentar, visíveis ou não, antes da cegueira, antes da deficiência auditiva, antes da deficiência intelectual, antes da deficiência física, existem pessoas, pessoas com desejos, pessoas com sonhos, pessoas com aspirações”.

Michel também fez um agradecimento aos seus pais, em especial à sua mãe, que estava presente no auditório. Segundo ele, foi fundamental em sua formação a maneira como seus pais o trataram desde o seu nascimento. Apesar de, segundo ele, “nenhuma família planejar ter um filho com deficiência”, o impacto da notícia fez com que eles procurassem ajuda de diversos médicos. E a informação que obtiveram era de que era possível, sim, ter um filho com deficiência visual, mas com uma vida plena como a de qualquer outra pessoa. "Serei eternamente grato aos meus pais por me fazerem participar em igualdade de condições, ser produtivo e ativo em busca dos meus ideais."

Michel abordou ainda a evolução do tratamento dado às pessoas com deficiência ao longa da história. Segundo ele, desde os antigos filósofos gregos, como Sócrates e Platão, as pessoas com deficiência eram consideradas indignas de se unirem à construção da sociedade, pois eram consideradas pessoas imperfeitas. Depois disso, a perspectiva cristã enxergava as pessoas com deficiência como dignas de pena. E com a perspectiva médica, que buscou a cura para as deficiências, vieram as próteses, os tratamentos, as operações, com o objetivo de minimizar ou eliminar as deficiências.

De acordo com Michel, somente há pouco tempo é que surgiu a perspectiva social, que começa com a busca pela integração das pessoas com deficiência à sociedade. Nessa perspectiva, começou a luta pelo enfrentamento das barreiras que dificultam a inclusão desses indivíduos nos ambientes escolares, de trabalho, de lazer, entre outros.

Natural de Ibirama, Michel nasceu com um problema na formação da retina. Desde os quatro anos de idade, tem contato com o sistema Braile. Em 2011, no sexto semestre da faculdade, foi aluno de Direito Constitucional do procurador da República Flávio Pavlov, que o estimulou a participar do processo seletivo de estágio em Direito na PRM de Rio do Sul. Nesse certame, obteve o primeiro lugar na classificação geral e fez estágio na PRM até se formar na faculdade. Segundo ele, foi muito bem recebido e acolhido na unidade. Na época, inclusive, não existiam ainda softwares livres de leitura de tela e, segundo ele, a PRM não mediu esforços para adaptar o ambiente de trabalho, adquirindo um software pago.

Demonstrando gratidão pelas bênçãos da vida, Michel disse que foi um “cara de sorte”, pois três dias após sua formatura, ao término do estágio, viu seu nome publicado no Diário Oficial da União como analista jurídico do MPF. Assim, em 2013, Michel passou a compor definitivamente os quadros do MPF catarinense, sendo lotado na PRM de Blumenau, onde exerce a atividade até hoje.

O colega também atua como voluntário na Sociedade Cultural Amigos Centro Braille e no Centro de Valorização da Vida (CVV), ambos em Blumenau. Para encerrar a palestra, Michel ainda deu uma palinha no violão, mostrando todo seu talento.

A palestra de QVT está alinhada ao eixo temático da Política e Programa de Qualidade de Vida no Trabalho, propostos pela PGR, relativo às “Condições de Trabalho”.