Na última quarta-feira, dia 14, a Procuradoria da República em Santa Catarina (PR/SC) recebeu a mesa redonda “Mulheres – Batalha do Cotidiano”, que trouxe à PR/SC uma importante discussão sobre a situação e os desafios das mulheres em nossa a sociedade, seja no campo ou nas cidades.


Organizado pela procuradora da República Analúcia Hartmann, da Comissão de Gênero e Raça do MPF catarinense, e pela coordenadora da Coordenadoria de Gestão de Pessoas, Cynthia Orengo, o evento aconteceu no auditório da Casa e contou com grande participação do público externo. Entre os presentes, destaque para a juíza federal Cláudia Maria Dadico e para a delegada da Polícia Civil, Patrícia D’Ávila, além de representantes de outras instituições, como Receita Federal, Advocacia-Geral da União, Instituto Federal de Santa Catarina, Polícia Rodoviária Federal, políticos e sociedade civil.

Participaram da mesa redonda, a jornalista da rede NSC Ângela Bastos, a criadora da plataforma digital “Cientista que virou mãe”, Lígia Moreiras Sena, e a médica Maria Alice de Borba, que atua como coordenadora do programa “Saúde para Elas”, do projeto “Cidades Invisíveis”.

Violência no campo - A primeira a falar foi a jornalista Ângela Bastos, que contou como foi a experiência de realizar o webdocumentário “Sozinhas: Histórias de mulheres que sofrem violência no campo”, ganhador do prêmio Vladmir Herzog e do 13ª Massey Ferrugson, em 2017. Segundo ela, a oportunidade de “botar o pé no barro” é uma das características que mais a motiva em sua profissão.

Ligada a pautas mais humanizadas, Ângela Bastos pontuou que “todo repórter é um jornalista, mas nem todo jornalista é um repórter”. Então, por se considerar na essência, uma repórter, busca escrever e retratar a realidade de pessoas e grupos mais vulneráveis. Além disso, disse que espera com sua atuação estimular os jovens e futuros profissionais a fazerem a diferença no mercado de trabalho.

Em relação ao tema do documentário, Ângela disse que Santa Catarina é o quarto estado brasileiro mais violento do país. Para ela, a maior dificuldade que as mulheres do campo enfrentam é a distância física entre as propriedades, causando uma sensação de solidão e abandono.

Sou mãe, e agora? - A professora e cientista Lígia Moreira Sena compartilhou sua trajetória de vida até a criação da plataforma “Cientista que virou mãe”, que ocorreu após o nascimento de sua filha Clara. Afirmou também que “os motivos podem ser diferentes para silenciar”, mas as mulheres da cidade também vivem histórias parecidas com as mulheres do campo.

Na exposição, Lígia contou que ao engravidar percebeu a escassez de informações de conteúdo significativo sobre o que “é ser mãe”, para além do lado consumista e raso das informações que “ensinavam” apenas quais utensílios importantes que não poderiam faltar no enxoval do bebê. A partir daí, a cientista não parou mais e resolveu realizar seu segundo doutorado sobre a temática “violência no parto”. Entre as histórias que coletou durante a pesquisa, Lígia contou a de uma mulher que foi sedada pelo anestesista no momento do parto, sob o argumento de que ela havia “incomodado demais”, impossibilitando-a de estar acordada no momento do nascimento de seu filho.

Com contundente atuação em movimentos sociais, a cientista deixou o recado emocionante para os presentes a fim de que todos coloquem suas ferramentas (talentos, habilidades, conhecimentos, etc) a serviço das pessoas, na busca de uma sociedade mais justa e igualitária.

Saúde para elas - A médica Maria Alice de Borba, que coordena o programa “Saúde para Elas”, do projeto “Cidades Invisíveis”, falou de sua atuação em relação não só a humanização do parto, mas também a humanização de toda a gestação, desde o pré-natal, por meio da construção de uma rede de apoio às gestantes.

Também relatou como funciona sua atuação na comunidade Frei Damião, no programa “Saúde para Elas”, do projeto “Cidades Invisíveis”, em que são realizadas consultas paras mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo ela, a mulher é peça fundamental na mudança de comportamento de um núcleo familiar e da sociedade, como um todo.

Para a procuradora Analúcia, uma das alegrias do evento foi ter percebido a participação expressiva das colegas colaboradoras, da empresa Plansul. Além disso, segundo ela, a comissão, em parceria com a o programa Bem Viver, vai propor ao longo do semestre outros eventos com a temática da mulher.

O programa de qualidade de vida no trabalho Bem Viver, por meio dos pilares de responsabilidade social e voluntariado, apoia o projeto “Cidades Invisíveis”, inclusive com a construção da primeira pracinha pública da comunidade Frei Damião. Para angariar fundos a fim de concretizar este objetivo, os servidores da PR/SC realizaram festa à fantasia, brechó e outras ações solidárias. Também, criou uma horta no local, que está sendo cuidada e mantida pelos próprios moradores da comunidade.