Uma linda manhã de sol e temperatura amena motivaram 130 ciclistas a participarem do II Pedal Humanitário, realizado na manhã do dia 29 de junho, em Florianópolis, como parte da programação do Dia Mundial do Refugiado (20 de junho). O grupo pedalou por mais humanidade, acolhimento, tolerância e fraternidade para com imigrantes e refugiados. E permitiu ainda que fossem arrecadados cerca de 400 quilos de alimentos não perecíveis.

O evento foi promovido e organizado pelo Programa Bem Viver, do Ministério Público Federal em SC, em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, por meio da Comissão de Direitos Humanos, Círculos de Hospitalidade e Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (Crai/SC). Contou com o patrocínio da Engie e o apoio do artista plástico Luciano Martins, da Yellow, da Guarda Municipal de Florianópolis, da Cicles Hoffmann, da Justiça Federal em Santa Catarina, da Eletrosul, do Espaço Saúde e da Usina do Hambúrguer.

Os mais de 400 quilos arrecadados antes, durante e depois do evento já foram encaminhados. Parte deles (130 quilos) foi entregue para a organização Círculos de Hospitalidade. Segundo a cofundadora da organização, Bruna Kadletz, os alimentos foram distribuídos para famílias sírias, iranianas, marroquinas, haitianas e venezuelanas, atendidas pela Círculos. O restante (270 quilos) foi entregue para a Pastoral do Migrante de Florianópolis, coordenada pelo padre Marcos Bubniak, que fará a distribuição dos alimentos na próxima sexta-feira, 19.

Segundo dados do Relatório Tendências Globais, lançado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) no dia Mundial do Refugiado, 70,8 milhões de pessoas no mundo estão em deslocamento forçado. Desses, mais de 20 milhões são refugiados. O número de refúgio aumentou muito, especialmente em razão da crise na Venezuela.

“Eventos com pautas positivas em relação à situação das migrações, a exemplo do Pedal Humanitário, são muito importantes, uma vez que mostram o quanto somos solidários e humanitários em relação à presença dos migrantes e o quanto é importante mencionarmos os deslocamentos forçados”, disse Cynthia Orengo, coordenadora do programa Bem Viver. Segundo ela, com esses eventos, “a gente celebra a presença deles na cidade. Demonstramos que nos orgulhamos da história, da coragem e da resiliência dos migrantes, que têm muito a nos ensinar”.

De acordo com os organizadores, os objetivos do Pedal foram plenamente atingidos nesta edição. Por meio do apoio da Yellow, foram disponibilizadas trinta bicicletas para os imigrantes pedalarem, atendendo a uma das propostas do evento que era a integração e inclusão da população migrante, de forma horizontal, sem hierarquia.

A fala do haitiano Clefaude Estimable sobre o Pedal resume os sentimentos dos organizadores: “ajudar o outro é ajudar a nós mesmos, pois esse outro faz parte da nossa existência, seja imigrante ou nativo". O evento também foi marcado por um minuto de silêncio em memória do irmão haitiano Kerby Tinge, covardemente assassinado no dia 2 de junho na Grande Florianópolis, vítima do racismo e da xenofobia.

O evento teve mais de 40 inserções na mídia, tanto local como nacional e internacional, inclusive com matéria na TV turca. Além disso, a ACNUR mandou representante para acompanhar o Pedal. Para Cynthia Orengo, “em tempos obscuros, nos quais ações humanitárias e migrantes são criminalizados, ações como essa têm valor imensurável no cultivo de sociedades mais justas, inclusivas e amorosas”.