Era auditor da Receita Federal e atuou junto ao Ministério Público Federal durante a Missão Especial de Combate ao Crime Organizado, que foi instituída em 2002. Na época, o então engenheiro e auditor era também estudante de Direito. Foi a proximidade com o trabalho do MPF, pelo menos desde 1998, que despertou o desejo de vir para o Ministério Público. Ele se formou na Ufes em 2003, em 2004 prestou concurso para procurador da República e, em 2005, tomou posse.

Na época da Missão Especial trabalhou nas dependências da Procuradoria da República do Espírito Santo, em Vitória, ao lado dos procuradores Henrique Herkenhoff, Ronaldo Albo e Alexandre Espinosa.

Apesar de ter ingressado efetivamente no MPF em 2005, já conhecia a instituição aqui no Estado desde 1994. Me recordo que em 1994 eram quatro procuradores atuando aqui e hoje temos 19. Cresceu o número de procuradores e cresceu também o número de ações e de investigações. O Estado do Espírito Santo, principalmente depois da redemocratização, ou seja de 1988 até 2002 passou por um verdadeiro assalto aos cofres públicos e à toda Administração. Era uma terra praticamente sem lei nesse período.

Apesar de a lei de improbidade ser de 1992, pouca foi a atuação neste sentido nesse período. Não só no MPF, mas também no MP Estadual. Essa questão da improbidade ganhou mais destaque dos anos 2000 para cá. Quer dizer, foram quase 10 anos até “cair a ficha” de que era um instrumento que estava à disposição para se tentar moralizar o Estado. E o MPF contribuiu muito, principalmente no período entre 2002 e 2005, nesse combate intenso em que, se não desarticulou completamente, pelo menos melhorou muito o perfil da administração pública no Estado do Espírito Santo. Isto com a retirada de algumas pessoas de cena, do desmonte daquela Assembleia que era dominada pela corrupção, entre outras ações. O MPF contribuiu muito naquele período e segue contribuindo, mas hoje numa outra dimensão.

O combate à corrupção é muito relevante, merece todo o destaque, até porque isso traz miséria, traz falta de recursos que deixam de ser investidos em saúde e educação, por exemplo.

Mas a atuação do MPF não ficou só nisso. Nós tínhamos aqui, por exemplo, a Le Cocq que foi extinta com uma sentença da Justiça Federal a partir de uma ação civil pública proposta pelo MPF. Isto foi um marco importante para a sociedade capixaba.

O MPF também contribuiu muito para a demarcação de terras indígenas e de quilombolas, no Norte do Estado. Há trabalho ainda a ser feito, mas o MPF sempre esteve ao lados dessas comunidade tradicionais e vem sendo assim essa parceria. Tanto que quando há algum conflito, o MPF é chamado para mediar, isto pelo respeito que eles aprenderam a ter pela atuação isenta da instituição.