"Logo que tomei posse, éramos apenas três Procuradores: Ronaldo Albo, Elton Ghersel e eu; e cinco varas federais. Então, além dos previstos na Constituição, havia mais um princípio não escrito: o da ubiquidade, também conhecido como princípio da bilocação, pois éramos obrigados a estar em duas ou mais audiências ao mesmo tempo, subindo e descendo as escadas do fórum federal, porque não dava tempo de esperar o elevador. Com o tempo, novos colegas foram chegando, e foi possível racionalizar mais o funcionamento.
Mesmo sendo apenas três diante da carga de trabalho, conseguimos encontrar tempo para mover a ação de dissolução da Scuderie Detetive Lecoq, que foi um marco na atuação institucional – e isto deve ser sublinhado, porque desde então foi uma característica marcante a atuação enquanto instituição, sem protagonismos individuais e com muito entrosamento.
Foi isso, também, o que assegurou o sucesso da Missão Especial de Combate ao Crime Organizado, pois mesmo os que não a compunham oficialmente trabalharam tanto quanto os demais, assumiram coletivamente os riscos, o cansaço, a cabeça quente. Isso e a parceria com outros órgãos públicos e até privados, como o Movimento Reage Espírito Santo.
Desde então, não posso ver outra maneira de o Ministério Público Federal funcionar: institucionalmente, harmonicamente, em parceria com o Ministério Público Estadual, mas também com a Polícia Federal e a Receita Federal e quantos mais órgãos e pessoas se propuserem a trabalhar em conjunto. Se o Ministério Público Federal contribuiu e continua contribuindo para a redemocratização e o progresso do Espírito Santo, foi graças à união, à amizade, à confiança recíproca entre seus membros, que sempre souberam atuar coletivamente. "